Juntos, Campos e Marina
serão a terceira via das eleições de 2014, tendo pela frente a
presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, e o senador tucano
Aécio Neves. No mês passado, o PSB deixou a base de apoio ao governo
Dilma. A ex-ministra teve de correr para arrumar um partido – o prazo de
filiação para quem quer concorrer a cargo eletivo no ano que vem
termina neste sábado.
Marina disse que não se
sente derrotada com a decisão da Justiça Eleitoral que negou à Rede o
registro. "A derrota ou a vitória só se mede na história. Apressam-se
aquele que pensam que a história se resolve em uma canetada", afirmou
logo no início de sua fala para um auditório lotado. Ela destacou que a
Rede já é um partido do ponto de vista político e programático. "Mesmo
já tendo a chancela da sociedade, de um registro moral, de que de fato
somos um partido político, nos foi cassado o direito de nos
constituirmos como tal." A Rede, segundo Marina, é o "primeiro partido
clandestino criado em plena democracia".
Segundo quem acompanhou a
negociação, pessoas da classe artística contribuíram para o
entendimento. Um dos que se envolveram foi o cineasta e diretor de
televisão Guel Arraes, tio de Campos e filho de Miguel Arraes, fundador
do PSB, já falecido. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), próximo de Marina,
foi outro que ajudou.
O encontro entre Campos e
Marina para selar a aliança ocorreu em Brasília e avançou pela
madrugada de sábado. O governador, que preside nacionalmente o PSB, já
tinha mandado emissários para avisar a ex-ministra do Meio Ambiente da
disposição de buscar um acordo.
Os termos acordados
preveem um "abrigo transitório" no PSB para as pessoas envolvidas no
processo de criação da Rede. Desta forma, a aliança seria tratada como
se fosse com outro partido. "Vamos tratar como uma coligação e respeitar
a pré-candidatura dela", disse ontem o presidente do PSB mineiro,
deputado Júlio Delgado. "Fica claro para a sociedade que Eduardo Campos e
Marina Silva formam juntos uma terceira via no processo eleitoral."
Formalmente, Marina e
Campos continuarão dizendo que são pré-candidatos, mas o plano da chapa
já é admitido. "Ela se disporia a ser vice do Eduardo Campos, porque
reconhece a candidatura dele, mas essa discussão será no momento futuro e
não há ansiedade nisso", disse Bazileu Margarido, coordenador executivo
da Rede.
Bazileu afirma que
apesar dos convites de vários partidos, a escolha pelo PSB deveu-se a
uma "maior identidade programática e nos Estados" com a Rede. "Foram
definidas algumas questões importantes, o reconhecimento da Rede como um
partido de fato, em função do reconhecimento o PSB estará abrindo a
possibilidade de filiações democráticas e transitórias para os
integrantes da Rede que quiserem se candidatar."
Dirigentes do PSB
observam que alguns ajustes regionais terão de ser feitos para abrigar
todos os integrantes da Rede, mas descrevem como "problema menor" ter de
solucionar as pendências, diante do ganho da legenda em ter Marina nos
seus quadros.
Na entrevista concedida
na sexta-feira, Marina já tinha afirmado ser um de seus objetivos evitar
uma polarização entre quem é "situação por situação e oposição por
oposição".
Tido como uma das opções
para abrigar Marina, o PPS é agora procurado para apoiar a aliança. A
ex-senadora reuniu-se com dirigentes da legenda no início da manhã de
ontem. O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), porém, não gostou da
atitude de Marina e afirmou a ela que a união de Campos seria um
"desastre". Marina, porém, argumentou na conversa que sua atitude dá uma
resposta ao Palácio do Planalto para a acusação de que desejava ser
candidata a qualquer custo.
O Estado de S. Paulo
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