segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Coluna A Tarde: O PSDB entra na roda

  Atingido pelo escândalo do cartel da licitação da Companhia Paulista dos Trens Urbanos, o PSDB precipitou, a exemplo do que fizera o PT, o lançamento da pré-candidatura do tucano Aécio Neves  à Presidência da República, movido pelo temor de ser alcançado pela negociata, o que, de resto, já aconteceu. Para o PT não poderia ter ocorrido nada melhor. O escândalo pode neutralizar, ou reduzir, a queda de Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião, além de melhorar a imagem da legenda, inclusive nos estados, como consequência das manifestações de rua. A negociata está evidente a partir das denúncias feitas pela multinacional Siemens. O fato demonstra, de resto, o repetido conceito que deste espaço tenho feito sobre os partidos políticos, que os considero f arinha do mesmo saco. Em nada se diferenciam. Pelo contrário, se identificam.

     O PT deseja alcançar José Serra, que disputou a Presidência em 2010. Pelo que se informa, o tucano estaria envolvido no cambalacho do cartel. Teria sugerido um acordo à multinacional Siemens com as outras empresas participantes da licitação. Mais ainda: o PT considera que há motivos suficientes para a instalação de uma Coimissão Parlamentar de Inquérito, CPI, na Câmara dos Deputados, o que não parece fácil, porque a questão envolve o estado de São Paulo e não a união. Serra tenta livrar-se da acusação de que teria tido uma conversa sobre o assunto com um diretor da multinacional, Nelson Branco Marchetti, quando se fizera acompanhar do seu secretário de Transportes Metropolitano. O encontro teria se registrado em Amsterdã, Holanda, durante um congresso sobre o setor ferroviário. O tucano nega a conversa.

       O terremoto que se observa no PSDB na sua principal base do País, São Paulo, acabou por favorecer Aécio Neves, na medida em que o partido se apressou em lançá-lo como pré-candidato, fechando o entrave que o perseguia, gerado pelo próprio José Serra, cuja obstinação política é ser presidente da República. Por ser mineiro, o senador e ex-governador está distanciado do escândalo e já se prepara para percorrer os principais estados brasileiros. À Bahia pretende visitar no início de setembro. Aqui, o PSDB é minúsculo e tem pouca representatividade, embora tenha um pré-candidato ao governo lançado, João Gualberto, que se revelou como gestor ao assumir a prefeitura do município de Mata de São João.

           No início, quando o escândalo eclodiu, nele apareceram apenas funcionários públicos envolvidos em propina, mas o caso acabou alcançando, inesperadamente, Serra, ganhando, a partir daí, uma conotação política de vulto. Por enquanto, ainda está restrito a São Paulo, sem ter amplidão nacional. Para a sucessão presidencial, no entanto, esta restrição é suficiente se o tucanato paulista sofrer impacto. Trata-se do maior colégio eleitoral brasileiro. A força de Aécio se concentra exatamente nos dois principais colégios do País, MG e SP, mas se houver tombo no berço do PSDB, o estado de São Paulo, é possível que a beneficiária em termos de candidatura passe ser Marina Silva.

       Na eleição passada Marina Silva recebeu em torno de 20 milhões de votos e pode ampliar este número se os dois maiores partidos, PT e PSDB, forem atingidos, o primeiro por fadiga e o segundo pelo acordo das multinacionais para formar o cartel que teria lesado os cofres públicos. Por ora, já se observa desgaste na imagem do governador Geraldo Alckmin, que, por sinal, estaria envolvido no cartel, que viria de longe, desde o governo de Mário Covas. Os petistas entendem que os fatos tornam-se mais fortalecidos porque empresas multinacionais teriam produzido corrupção no Brasil, o que, de resto, não chega a ser nenhuma novidade.

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