Nas últimas semanas, familiares dos corintianos encarcerados foram aconselhados a não falarem sobre a situação. Já havia a possibilidade de libertação de pelo menos alguns deles, e Embaixada e Ministério da Justiça não queriam que qualquer palavra mal colocada fosse dada como desculpa pela Justiça boliviana para a prorrogação das investigações.
- Houve, sim, uma conversa com os familiares. Muita gente falando só prejudica, e acredito que esse silêncio tenha sido um dos trunfos para a liberdade dos sete brasileiros - afirmou Miguel Blancourt, funcionário da Embaixada e primeiro advogado que os corintianos tiveram.
A negociação foi intensa e demorada, mas só engrenou depois que houve uma centralização na defesa dos presos. Em certos momentos da investigação, até quatro advogados se apresentavam como representantes dos corintianos. A que gerou mais reclamações foi Maristela Basso, especialista em Direito Internacional, que chegou a propor uma tese de que o sinalizador que matou o boliviano Kevin Beltrán Espada não partiu da torcida alvinegra. A Justiça local se irritou com o excesso de vozes “oficiais” dos presos, normalmente com versões conflitantes. Apesar do bom diálogo com a Embaixada, foi preciso uniformizar a comunicação para que o processo andasse com maior rapidez.
O resultado apareceu antes mesmo do esperado, quando o promotor Alfredo Santos Canaviri informou as autoridades brasileiras que não havia provas concretas contra sete dos 12 presos. Assim, foi pedida a liberdade imediata desses torcedores, fato que se consumou na noite desta quinta-feira.
Na visão de quem acompanha o caso, os outros cinco só não foram libertados ainda por problemas distintos. Leandro Silva de Oliveira e Cleuter Barreto Barros são os dois acusados como autores do disparo de sinalizador que matou Kevin, enquanto Reginaldo Coelho, José Carlos da Silva Junior e Marco Aurélio Nefreire estariam dentro do Estádio Jesús Bermudez, em Oruro, e próximos ao local do disparo.
Até mesmo quem defendia a prisão dos 12 já mudou de ideia após os fatos recentes. A promotora Abigail Saba, que foi responsável pelo caso em seu início, admite que a investigação ainda não trouxe qualquer prova que pudesse incriminar pelo menos um dos torcedores.
- Se sete foram libertados, minha experiência indica que os outros devem seguir o mesmo caminho em breve. A investigação não traz provas conclusivas, o que impede que esses suspeitos sejam mantidos em cárcere - disse Abigail, que abandonou o caso após cerca de um mês. FONTE:GLOBO ESPORTE
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